Couple in Medieval Dress | Averil M. Burleigh |
Na Idade Média poucas
pessoas podiam dar-se ao luxo de se vestir com elegância, e durante a maior
parte do séc. XVI os homens e as mulheres faziam suas próprias vestes, copiavam
os modelos usados na corte de Espanha. No entanto, nos finais do século, o
centro da moda deslocou-se para Paris, donde eram enviadas pequenas bonecas,
vestidas segundo a última moda, a quem desejava segui-la e, de acordo com o
grupo social onde se inseriam, assim nascia o seu vestuário.
A Nobreza
As rainhas tinham por regra
geral, armários atulhados de magníficos vestidos, muitos deles bordados em ouro
e pedras preciosas. Os reis também se vestiam luxuosamente, pois a riqueza dos
trajes era uma das formas utilizadas pelos monarcas para cultivarem a
obediência dos seus súditos.
O Povo
Esta classe social vestia-se
com trajes práticos, já que a função da maioria era o trabalho pesado e o
comércio. No início as roupas eram feitas em casa. As famílias criavam ovelhas
e cultivavam o linho.
Quando as cidades começaram
a crescer, surgiram lojas especializadas, dirigidas por tecelões, alfaiates,
remendões e outros artesões que faziam roupas. No século XII, esses artesãos organizaram-se
em corporações chamadas guildas.
As mulheres começaram a usar
vestidos compridos, e justos no busto. Os homens vestiam calções soltos debaixo
da túnica, além de vários tipos de coberturas para as pernas. Nos séculos XII e
XIII, as mulheres punham redes nos cabelos, usavam véus e panos para cobrir o
pescoço, como algumas ordens de religiosas usam até hoje. Os homens usavam na
cabeça capuzes com pontas compridas.
O Clero
O Clero vestia vestidos
escuros e compridos de lã, com capas igualmente escuras e compridas, alguns
andavam descalços, outros calçados com sapatos de couro e possuíam terços e
adereços da sua religião. Os clérigos que pertenciam a uma ordem religiosa
usavam hábitos próprios dessa ordem. O Clero mais rico possuía vestuário rico
de acordo com a sua condição.
Os Dominicanos, por exemplo,
vestiam um hábito branco. Os Franciscanos vestiam um hábito castanho. O Clero
Secular possuía, como hoje, paramentos especiais, ou seja, vestuário próprio
para as diferentes cerimonias religiosas.
Os Cavaleiros
As Vestimentas de um cavaleiro Medieval eram compostas pelas peças abaixo
descritas:
- Cota de Malha: Túnica
metálica feita de pequenos anéis de ferro ou aço usada como uma camisa que
adere o corpo por um cinturão, desce até os joelhos e é aberta na frente e
atrás para facilitar a subida no cavalo.
- O Elmo: Tem a função de
proteger a cabeça do cavaleiro. Com o passar do tempo foi se modificando até,
por fim proteger totalmente a face e possuir abertura apenas para os olhos e
respiração.
- O Escudo: Tem a forma de
uma grande amêndoa que se curva ao longo de seu eixo vertical, e termina numa
ponta que possibilita fixá-lo no chão e utilizá-lo como abrigo. As dimensões
são de fato consideráveis: cerca de um metro e meio de altura e setenta centímetros
de largura, cobre inteiramente o combatente, do queixo ao dedo dos pés,
servindo como maca após a batalha. A parte exterior é de couro ou algum tecido
nobre, pode ser pintado com figuras que representam o cavaleiro. No caso dos
Cruzados, utilizava-se uma cruz pintada em vermelho sobre o branco.
- A Espada: É arma do
cavaleiro por excelência. É composta pela lâmina (alemele), o punho (heudeüre)
e o botão de punho (pons).
- A Lança: É uma arma de
estocada. Tem cerca de três metros de comprimento e pesa dois quilos, o que
impede que seja arremessada. Pode ser feita de macieira, abeto, ou outra
madeira resistente.
Vestimentas e Armas de um
Infante: machado, chicote sem cabo, faca, maça, chuços, besta, adagas, arco,
ganchos, atiradeiras, porretes, uma cobertura de ferro ou couro curtido para a
cabeça.
Vestimentas e Armas
de um Escudeiro: machado, capacete de ferro, arco, besta, espada, venábulo,
jaqueta reforçada, capacete de ferro
Este primeiro artigo lançado
pela equipe da Moda Medieval, tem como objetivo elucidar a diferença existente
entre o que vem a ser a fantasia e o traje medieval.
A palavra fantasia deriva do
grego panthasia e significa obra de imaginação, ideia, devaneio, extravagância,
entre outros que não convém citar, visto o nosso interesse primordial: a moda
medieval. O traje denota o vestuário habitual, aquilo que se veste. E é nessa
linha que daremos continuidade a este artigo.
Uma peça do vestuário,
comumente associada ao período medieval é o espartilho, também conhecido como
corpete, corset, ou corselet. Representada tipicamente como parte do traje da
taberneira medieval, seu uso foi relatado já no século XII, durante o reinado
de Henry I, contudo, como roupa íntima feminina.
Posteriormente, há relatos
de que essas peças tenham sido usadas por homens, também como peça íntima usada
para conferir-lhes uma silhueta mais acinturada. Seu uso externo está associado
à cortesãs do século XV e, a partir do século XVI, pelas senhoras da nobreza.
Um fator que dificulta a
replicação dos trajes medievais, além do desconhecimento da diferença entre
trajes e fantasias, é a composição da mesma. As roupas medievais eram compostas
por várias peças sobrepostas e de diferentes materiais, de acordo com a finalidade
que possuíam. Vamos detalhar um pouco mais:
- Roupas íntimas: as
mulheres usavam faixas, de linho, não tingidos sobre os seios. Não havia roupas
íntimas como conhecemos atualmente. Sobre estas vestes, usavam um camisão, ou
chemise, que eram de linho ou seda, não tingidos (cru) e cuja limpeza era frequente.
- Roupas propriamente ditas:
homens e mulheres usavam túnicas, de manga comprida e justa, e que podiam
ultrapassar os pés, arrastando-se no chão, especialmente para as mulheres. Os
tecidos variavam entre o linho, a lã, sendo os mais comuns, passando pelas sedas,
brocados, satinés e outros de variadas cores. Estas peças, em geral, não eram
lavadas para evitar a degradação do tecido e a perda das cores que, às vezes
levavam meses para serem fixadas.
Um detalhe interessante, é
que ao longo dos séculos que compreenderam o medievo, houve um
encurtamento e
ajustamento das vestes ao corpo, não nas vestimentas femininas, como nos dias
atuais observamos, mas nas masculinas. Grande parte da pressão para a
manutenção do volume e quantidade de tecidos nas vestes femininas ocorreu em
função de pressões ideológicas exercidas pela igreja.
As túnicas masculinas
(tunics) se verteram para cotes, cotehardies, mostrando cada vez mais as
pernas, que eram cobertas por braies (meiões que chegavam até a virilha e eram
presas à cintura). Ademais, os adereços ficaram cada vez mais coloridos e
volumosos, chegando o que hoje conhecemos com fantasias de ‘bobos da corte’,
mas que constituíam moda utilizada por pessoas comuns á época, apesar de não
muito bem vistas por pessoas mais conservadoras da época (em especial, o
clero).
Este movimento também foi
observado entre as vestes femininas, mas de modo muito mais discreto e lento,
de modo a marcar um pouco mais o colo e a cintura. As túnicas também evoluíram
para cotehardies, bliauts e kirtles. Com um acréscimo crescente de cortes e
padrões de estampagens.
Como sobrevestes, além dos
conhecidos mantos e capas, havia outros modelos que foram resgatados dos
registros. Entre eles estavam o houppelande, o peliçon, o surcote, o sideless
gown, etc.
Apesar das dificuldades
naturalmente existentes para a recuperação das roupas – visto que os tecidos se
desintegram rapidamente – o trabalho de recuperação de trajes a partir de
sítios arqueológicos e de edificações históricas, além da pesquisa exaustiva de
várias pinturas e iluminaturas contribuíram para mostrar o quão rico e
intrigante pode ser o universo do vestuário medieval.
*Fonte: Fantasia ou Traje
Medieval? de Carolina Alencar | www.modamedieval.com.br
Retirado e adaptado de http://www.fashionebook.com.br/e-book/?p=1603
Nenhum comentário:
Postar um comentário