Jacques Le Goff
Optou-se aqui por não utilizar as divisões históricas comumente usadas no estudo da História, ao invés disso serão adotadas as divisões da História da Arte, por levar em conta as mudanças estéticas que se fazem notar na arte e na arquitetura. Porém, vale lembrar que tais mudanças estéticas são fruto de transições socais mais profundas, que englobam aspectos culturais, religiosos e econômicos. As roupas, bem como a arte do medievo, demonstram os valores e ideais da sociedade de então, e em função disso surgem variações dependendo do contexto social ou região a serem abordados. A fim de facilitar o entendimento, apenas as características mais marcantes de cada período serão abordadas, aquelas que podem ser identificadas em diferentes povos de uma mesma época.
Segundo a divisão básica da História da Arte, temos três períodos distintos na Idade Média, são eles: O Bizantino, o Românico e o Gótico. No post de hoje, veremos o estilo Bizantino e a primeira parte do Românico.
O Estilo Bizantino
O
Império Bizantino teve início no século IV estendendo-se até 1453, quando chega ao fim o Império Romano do Oriente, data aceita por alguns historiadores como o fim da era medieval. O seu
apogeu enquanto movimento artístico foi durante o reinado do imperador Justiniano
I, no século VI. Nesse período a religião cristã tinha muita
importância, e influenciava diretamente a vida das pessoas. O império e a
igreja eram estreitamente ligados, e os valores cristãos eram refletidos até
mesmo na forma de vestir. Como o corpo não aparece mais, a roupa passa a ganhar
destaque.
As pessoas buscavam uma interiorização, buscando a fé dentro de si mesmas. Tal sentimento mostra a sua influência na arquitetura da época, onde a parte externa das igrejas não passavam de simples construções, enquanto o interior era ricamente decorado com complexos mosaicos. Esse detalhamento também aparece nos bordados das roupas e pode ser percebido nos adornos da indumentária Católica ainda nos dias de hoje. Um belo exemplo das roupas bizantinas podem ser observados nos mosaicos que retratam o Imperador Justiniano e sua mulher a Imperatriz Teodora. Nessas imagens é possível perceber que a indumentária imperial era formada por uma espécie de túnica que chegava até os pés e era adornada por uma larga faixa de bordados em ouro, além disso havia uma capa purpura presa ao ombro por uma fivela de metal. Os sapatos de seda purpura eram bordados com pérolas, e temos ainda um diadema com requintados arranjos de
pérolas. Esse tipo de roupa era usado diariamente e não apenas em ocasiões
especiais, isso mostrava o luxo e o poder da corte bizantina.
A
ornamentação da roupa passou por varias transformações nesse período, e aos
poucos o manto foi perdendo o movimento e tornou-se rijo graças aos bordados em
ouro, as joias e ao peso da barra, que era cravejada de pérolas e pedras
preciosas. O império bizantino foi muito influenciado pelo oriente, isso
fica claro no misticismo religioso, nos tecidos e pedras, bem como na luxuosa forma de
vestir. O vermelho, os tons marrons, terrosos, amarelos, e, sobretudo o
dourado, são frequentes nas roupas bizantinas.
Como
adaptar:
- O formato das vestes é bastante simples, como se fosse uma espécie de camisa de mangas compridas que chegava até os pés;
- Brocados e tecidos em tons dourados podem ser usados para compor um look bizantino, na época de carnaval é fácil encontrar esses tecidos, também costumam ser mais baratos nesse período!
- Galões são fitas bordadas vendidas a metro, podem costuradas nas mangas e golas;
- Sapatilhas de pano, podem ser bordadas com chatons ou pérolas, ou pode-se usar uma sandália rasteira igualmente enfeitada;
- Pode se colar ou bordar chatons acrílicos em uma túnica lisa, ou mesmo fazer uma gola separada para ser usada sobre uma túnica ou vestido;
- A capa usada sobre a veste era basicamente um meio circulo de tecido preso no ombro por um broche.
O
Estilo Românico (Parte I)
O
período Românico é provavelmente o mais representativo da idade média, aquele
que nos lembramos de imediato quando ouvimos falar nesse período, foi o tempo
dos grandes castelos, feudos, cavaleiros e das cruzadas, pode-se
dizer que foi marcadamente rural, a vida girava em torno dos castelos e mosteiros.
Esse estilo predomina nos séculos XI, XII e parte do século XIII.
A
religiosidade tinha grande importância, e a busca da Igreja por se manter no
poder, e sua luta contra os bárbaros pagãos, se fez notar
através da arquitetura, que tomou formas muito sólidas.
A
roupa nesse período era o resultado da roupa clássica com a roupa bizantina,
sofreu também forte influencia do vestuário dos bárbaros. As mulheres usam
vestes longas e mantos, as mangas são exageradamente compridas. Normalmente
usavam uma camisa de linho decote baixo e mangas curtas, por cima uma túnica, que ia da cabeça aos pés. Eram adornadas no decote, nos punhos e na
barra com largas faixas de debrum colorido, sobre a túnica era usado uma capa
fechada por fivela no meio do busto. Às vezes usavam cintos, com o passar do
tempo as vestes foram ficando cada vez mais ajustadas ao corpo, eram fechadas
atrás por amarrações e ficaram bem mais longas. Por volta de 1130, surgiu o
corpete (não confundir com espartilho, esse só irá surgir muito mais tarde)
justo até os quadris e a saia ampla, com pregas até os pés, às vezes formando
uma cauda.
Os homens usavam amplas túnicas de mangas compridas arrematadas com cintos, e por baixo uma camisa de linho bem ajustada, havia ainda uma capa presa ao ombro direito por um broche ou fivela. Usavam meias de vários comprimentos e um tipo de calçado que chegava até a barriga da perna.
Como adaptar:
- Os veludos muito usados nesse período podem ser substituídos por plush, o efeito visual fica melhor que o veludo molhado;
- Lãs e linhos eram muito usados;
- A maioria dos filmes medievais retratam este período, consulte nossa lista!
- Armaduras em couro e metal, e as cotas de malha faziam parte da indumentária dos cavaleiros;
- Cores vivas e ornamentos em metal, como cintos e fivelas ajudam a elaborar a caracterização, podem ser facilmente encontrados em casas de armarinho.
- Use botões grande de metal para fazer as vezes de broche;
- Costure galão nas mangas e barras de túnicas e vestido.
Se reproduzir integral ou parcialmente o texto cite a fonte.
Texto: Jaqueline Oliveira | Medieval Sul
Referências:
- LANVER, James. A roupa e a Moda, Uma Historia Concisa. Ed. Cia das Letras.
- KOHLER, Carl. História do Vestuário. Ed. Martins Fontes.
- HAUSER, Arnold. Hitória Social da Arte e da Literatura. Ed. Martins Fontes.
- LE GOFF, Jacques. Uma Longa Idade Média. Ed. Civilização Brasileira.
* Adaptado de http://picnicvitorianopoa.blogspot.com.br/2012/03/moda-medieval-parte-i.html
* Adaptado de http://picnicvitorianopoa.blogspot.com.br/2012/03/moda-medieval-parte-i.html
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