domingo, 24 de fevereiro de 2013

Roupa Medieval e Fantasia

Indicado por Mara Cecilio
Couple in Medieval Dress | Averil M. Burleigh
Acho relevante a reprodução do texto "Fantasia ou Traje Medieval?", visto que sempre há uma confusão entre o que é fantasia e roupa medieval de fato. Mesmo quando a intenção é criar algo fantasioso, é preciso ter algum conhecimento de base sobre o vestuário original do período para poder fazer a adaptação.

Na Idade Média poucas pessoas podiam dar-se ao luxo de se vestir com elegância, e durante a maior parte do séc. XVI os homens e as mulheres faziam suas próprias vestes, copiavam os modelos usados na corte de Espanha. No entanto, nos finais do século, o centro da moda deslocou-se para Paris, donde eram enviadas pequenas bonecas, vestidas segundo a última moda, a quem desejava segui-la e, de acordo com o grupo social onde se inseriam, assim nascia o seu vestuário.

A Nobreza   
As rainhas tinham por regra geral, armários atulhados de magníficos vestidos, muitos deles bordados em ouro e pedras preciosas. Os reis também se vestiam luxuosamente, pois a riqueza dos trajes era uma das formas utilizadas pelos monarcas para cultivarem a obediência dos seus súditos.   

O Povo   
Esta classe social vestia-se com trajes práticos, já que a função da maioria era o trabalho pesado e o comércio. No início as roupas eram feitas em casa. As famílias criavam ovelhas e cultivavam o linho.
Quando as cidades começaram a crescer, surgiram lojas especializadas, dirigidas por tecelões, alfaiates, remendões e outros artesões que faziam roupas. No século XII, esses artesãos organizaram-se em corporações chamadas guildas.   

As mulheres começaram a usar vestidos compridos, e justos no busto. Os homens vestiam calções soltos debaixo da túnica, além de vários tipos de coberturas para as pernas. Nos séculos XII e XIII, as mulheres punham redes nos cabelos, usavam véus e panos para cobrir o pescoço, como algumas ordens de religiosas usam até hoje. Os homens usavam na cabeça capuzes com pontas compridas.

O Clero   
O Clero vestia vestidos escuros e compridos de lã, com capas igualmente escuras e compridas, alguns andavam descalços, outros calçados com sapatos de couro e possuíam terços e adereços da sua religião. Os clérigos que pertenciam a uma ordem religiosa usavam hábitos próprios dessa ordem. O Clero mais rico possuía vestuário rico de acordo com a sua condição.   
Os Dominicanos, por exemplo, vestiam um hábito branco. Os Franciscanos vestiam um hábito castanho. O Clero Secular possuía, como hoje, paramentos especiais, ou seja, vestuário próprio para as diferentes cerimonias religiosas.

Os Cavaleiros

As Vestimentas de um cavaleiro Medieval eram compostas pelas peças abaixo descritas:


- Cota de Malha: Túnica metálica feita de pequenos anéis de ferro ou aço usada como uma camisa que adere o corpo por um cinturão, desce até os joelhos e é aberta na frente e atrás para facilitar a subida no cavalo.   

- O Elmo: Tem a função de proteger a cabeça do cavaleiro. Com o passar do tempo foi se modificando até, por fim proteger totalmente a face e possuir abertura apenas para os olhos e respiração.  

- O Escudo: Tem a forma de uma grande amêndoa que se curva ao longo de seu eixo vertical, e termina numa ponta que possibilita fixá-lo no chão e utilizá-lo como abrigo. As dimensões são de fato consideráveis: cerca de um metro e meio de altura e setenta centímetros de largura, cobre inteiramente o combatente, do queixo ao dedo dos pés, servindo como maca após a batalha. A parte exterior é de couro ou algum tecido nobre, pode ser pintado com figuras que representam o cavaleiro. No caso dos Cruzados, utilizava-se uma cruz pintada em vermelho sobre o branco.   

- A Espada: É arma do cavaleiro por excelência. É composta pela lâmina (alemele), o punho (heudeüre) e o botão de punho (pons).   

- A Lança: É uma arma de estocada. Tem cerca de três metros de comprimento e pesa dois quilos, o que impede que seja arremessada. Pode ser feita de macieira, abeto, ou outra madeira resistente.   
Vestimentas e Armas de um Infante: machado, chicote sem cabo, faca, maça, chuços, besta, adagas, arco, ganchos, atiradeiras, porretes, uma cobertura de ferro ou couro curtido para a cabeça.   

Vestimentas e Armas de um Escudeiro: machado, capacete de ferro, arco, besta, espada, venábulo, jaqueta reforçada, capacete de ferro



The Sims Medieval - Game
*Fantasia ou Traje Medieval?   

Este primeiro artigo lançado pela equipe da Moda Medieval, tem como objetivo elucidar a diferença existente entre o que vem a ser a fantasia e o traje medieval.   
A palavra fantasia deriva do grego panthasia e significa obra de imaginação, ideia, devaneio, extravagância, entre outros que não convém citar, visto o nosso interesse primordial: a moda medieval. O traje denota o vestuário habitual, aquilo que se veste. E é nessa linha que daremos continuidade a este artigo.   

Uma peça do vestuário, comumente associada ao período medieval é o espartilho, também conhecido como corpete, corset, ou corselet. Representada tipicamente como parte do traje da taberneira medieval, seu uso foi relatado já no século XII, durante o reinado de Henry I, contudo, como roupa íntima feminina.   

Posteriormente, há relatos de que essas peças tenham sido usadas por homens, também como peça íntima usada para conferir-lhes uma silhueta mais acinturada. Seu uso externo está associado à cortesãs do século XV e, a partir do século XVI, pelas senhoras da nobreza.   
Um fator que dificulta a replicação dos trajes medievais, além do desconhecimento da diferença entre trajes e fantasias, é a composição da mesma. As roupas medievais eram compostas por várias peças sobrepostas e de diferentes materiais, de acordo com a finalidade que possuíam. Vamos detalhar um pouco mais:   

- Roupas íntimas: as mulheres usavam faixas, de linho, não tingidos sobre os seios. Não havia roupas íntimas como conhecemos atualmente. Sobre estas vestes, usavam um camisão, ou chemise, que eram de linho ou seda, não tingidos (cru) e cuja limpeza era frequente.   

- Roupas propriamente ditas: homens e mulheres usavam túnicas, de manga comprida e justa, e que podiam ultrapassar os pés, arrastando-se no chão, especialmente para as mulheres. Os tecidos variavam entre o linho, a lã, sendo os mais comuns, passando pelas sedas, brocados, satinés e outros de variadas cores. Estas peças, em geral, não eram lavadas para evitar a degradação do tecido e a perda das cores que, às vezes levavam meses para serem fixadas.   

Um detalhe interessante, é que ao longo dos séculos que compreenderam o medievo, houve um 
encurtamento e ajustamento das vestes ao corpo, não nas vestimentas femininas, como nos dias atuais observamos, mas nas masculinas. Grande parte da pressão para a manutenção do volume e quantidade de tecidos nas vestes femininas ocorreu em função de pressões ideológicas exercidas pela igreja.   

As túnicas masculinas (tunics) se verteram para cotes, cotehardies, mostrando cada vez mais as pernas, que eram cobertas por braies (meiões que chegavam até a virilha e eram presas à cintura). Ademais, os adereços ficaram cada vez mais coloridos e volumosos, chegando o que hoje conhecemos com fantasias de ‘bobos da corte’, mas que constituíam moda utilizada por pessoas comuns á época, apesar de não muito bem vistas por pessoas mais conservadoras da época (em especial, o clero).   
Este movimento também foi observado entre as vestes femininas, mas de modo muito mais discreto e lento, de modo a marcar um pouco mais o colo e a cintura. As túnicas também evoluíram para cotehardies, bliauts e kirtles. Com um acréscimo crescente de cortes e padrões de estampagens.   

Como sobrevestes, além dos conhecidos mantos e capas, havia outros modelos que foram resgatados dos registros. Entre eles estavam o houppelande, o peliçon, o surcote, o sideless gown, etc.   
Apesar das dificuldades naturalmente existentes para a recuperação das roupas – visto que os tecidos se desintegram rapidamente – o trabalho de recuperação de trajes a partir de sítios arqueológicos e de edificações históricas, além da pesquisa exaustiva de várias pinturas e iluminaturas contribuíram para mostrar o quão rico e intrigante pode ser o universo do vestuário medieval.   

*Fonte: Fantasia ou Traje Medieval? de Carolina Alencar | www.modamedieval.com.br   
 Retirado e adaptado de http://www.fashionebook.com.br/e-book/?p=1603

Transformando uma camiseta em túnica medieval

Material:

- camiseta básica de algodão (maior que seu tamanho normal)
- galão (fita decorada, encontrada em qualquer loja de armarinho ou aviamentos)
- tesoura
- fita métrica
- linha de costura e agulha ou cola quente

OBS.: camiseta e cinto foram comprados na Renner 



Os Nomes na Idade Média:

Indicado por Tiago Kirsch Lanes


O nome de batismo é em geral o de um dos padrinhos ou madrinhas. Nesse particular as modas evoluem lentamente. Os dois nomes masculinos mais difundidos são os mesmos na França e na Inglaterra: João e Guilherme. Em seguida encontramos, na Inglaterra: Robert, Richard, Thomas, Geoffrey, Hugues e Étienne; na França: Pierre, Philippe, Henri, Robert e Charles. A voga de outros nomes é mais específica a uma província: Baudouin en Flandres, Alain na Bretanha, Eudes na Borgonha; ou então está ligada ao culto de um santo num território mais restrito: Remi na região de Reims, Médard na de Noyon, Martial na de Limoges; na Inglaterra, Gilbert, na diocese de Lincoln.

Para as mulheres, as estatísticas são mais difíceis de estabelecer. Maria e Joana são os nomes mais usuais em ambos os reinos, seguidos provavelmente de Alix, Blanche, Clémence, Constance, Isabelle, Marguerite, Mathilde e Perrine. A forma pode variar com a província (diz-se Elisabeth em Artois, mas Isabelle em Poitou; Mahaut em Flandres, mas Mathilde na Normandia e Maud em Languedoc), ou com a categoria social: assim, Perrine, Perrette e Pernelle designam geralmente plebeus, ao passo que Pétronille, mais mais erudita, reserva-se às mulheres da aristocracia. O mesmo se dá com Jacquine, Jacquette e Jacquote em relação a Jacqueline.

PASTOUREAU, Michel. No tempo dos cavaleiros da Távola Redonda: França e Inglaterra, séculos XII e XIII (A Vida Cotidiana). São Paulo: Companhia das Letras / Círculo do Livro, 1989.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Roupa Medieval - Parte I

"Essa longa Idade Média não é tão sombria como queriam os humanistas e os homens das Luzes, nem tão dourada como imaginavam os românticos e os católicos do século XIX. Como todo período da história, ela é feita de sombras e luzes..."                                                                                                                
Jacques Le Goff


Optou-se aqui por não utilizar as divisões históricas comumente usadas no estudo da História, ao invés disso serão adotadas as divisões da História da Arte, por levar em conta as mudanças estéticas que se fazem notar na arte e na arquitetura. Porém, vale lembrar que  tais mudanças estéticas são fruto de transições socais mais profundas, que englobam aspectos culturais, religiosos e econômicos. As roupas, bem como a arte do medievo, demonstram os valores e ideais da sociedade de então, e em função disso surgem variações dependendo do contexto social ou região a serem abordados.  A fim de facilitar o entendimento, apenas as características mais marcantes de cada período serão abordadas, aquelas que podem ser identificadas em diferentes povos de uma mesma época. 

Segundo a divisão básica da História da Arte, temos três períodos distintos na Idade Média, são eles: O Bizantino, o Românico e o Gótico. No post de hoje, veremos o estilo Bizantino e a primeira parte do Românico.

O Estilo Bizantino

O Império Bizantino teve início no século IV estendendo-se até 1453, quando chega ao fim o Império Romano do Oriente, data aceita por alguns historiadores como o fim da era medieval. O seu apogeu enquanto movimento artístico foi durante o reinado do imperador Justiniano I, no século VI. Nesse período a religião cristã tinha muita importância, e influenciava diretamente a vida das pessoas. O império e a igreja eram estreitamente ligados, e os valores cristãos eram refletidos até mesmo na forma de vestir. Como o corpo não aparece mais, a roupa passa a ganhar destaque.  

As pessoas buscavam uma interiorização, buscando a fé dentro de si mesmas. Tal sentimento mostra a sua influência na arquitetura da época, onde a parte externa das igrejas não passavam de simples construções, enquanto o interior era ricamente decorado com complexos mosaicos. Esse detalhamento também aparece nos bordados das roupas e pode ser percebido nos adornos da indumentária Católica ainda nos dias de hoje. Um belo exemplo das roupas bizantinas podem ser observados nos mosaicos que retratam o Imperador Justiniano e sua mulher a Imperatriz Teodora. Nessas imagens é possível perceber que a indumentária imperial era formada por uma espécie de túnica que chegava até os pés e era adornada por uma larga faixa de bordados em ouro, além disso havia uma capa purpura presa ao ombro por uma fivela de metal. Os sapatos de seda purpura eram bordados com pérolas, e temos ainda um diadema com requintados arranjos de pérolas. Esse tipo de roupa era usado diariamente e não apenas em ocasiões especiais, isso mostrava o luxo e o poder da corte bizantina.

A ornamentação da roupa passou por varias transformações nesse período, e aos poucos o manto foi perdendo o movimento e tornou-se rijo graças aos bordados em ouro, as joias e ao peso da barra, que era cravejada de pérolas e pedras preciosas. O império bizantino foi muito influenciado pelo oriente, isso fica claro no misticismo religioso, nos tecidos e pedras, bem como na luxuosa forma de vestir. O vermelho, os tons marrons, terrosos, amarelos, e, sobretudo o dourado, são frequentes nas roupas bizantinas.


Como adaptar:
  • O formato das vestes é bastante simples, como se fosse uma espécie de camisa de mangas compridas que chegava até os pés;
  • Brocados e tecidos em tons dourados podem ser usados para compor um look bizantino, na época de carnaval é fácil encontrar esses tecidos, também costumam ser mais baratos nesse período!
  • Galões são fitas bordadas vendidas a metro, podem costuradas nas mangas e golas;
  • Sapatilhas de pano, podem ser bordadas com chatons ou pérolas, ou pode-se usar uma sandália rasteira igualmente enfeitada;
  • Pode se colar ou bordar chatons acrílicos em uma túnica lisa, ou mesmo fazer uma gola separada para ser usada sobre uma túnica ou vestido;
  • A capa usada sobre a veste era basicamente um meio circulo de tecido preso no ombro por um broche.

O Estilo Românico (Parte I)

O período Românico é provavelmente o mais representativo da idade média, aquele que nos lembramos de imediato quando ouvimos falar nesse período, foi o tempo dos grandes castelos, feudos, cavaleiros e das cruzadas, pode-se dizer que foi marcadamente rural, a vida girava em torno dos castelos e mosteiros. Esse estilo predomina nos séculos XI, XII e parte do século XIII.

A religiosidade tinha grande importância, e a busca da Igreja por se manter no poder, e sua luta contra os bárbaros pagãos, se fez notar através da arquitetura, que tomou formas muito sólidas. 


A roupa nesse período era o resultado da roupa clássica com a roupa bizantina, sofreu também forte influencia do vestuário dos bárbaros. As mulheres usam vestes longas e mantos, as mangas são exageradamente compridas. Normalmente usavam uma camisa de linho decote baixo e mangas curtas, por cima uma túnica, que ia da cabeça aos pés. Eram adornadas no decote, nos punhos e na barra com largas faixas de debrum colorido, sobre a túnica era usado uma capa fechada por fivela no meio do busto. Às vezes usavam cintos, com o passar do tempo as vestes foram ficando cada vez mais ajustadas ao corpo, eram fechadas atrás por amarrações e ficaram bem mais longas. Por volta de 1130, surgiu o corpete (não confundir com espartilho, esse só irá surgir muito mais tarde) justo até os quadris e a saia ampla, com pregas até os pés, às vezes formando uma cauda.

Os homens usavam amplas túnicas de mangas compridas arrematadas com cintos, e por baixo uma camisa de linho bem ajustada, havia ainda uma capa presa ao ombro direito por um broche ou fivela. Usavam meias de vários comprimentos e um tipo de calçado que chegava até a barriga da perna.

Como adaptar:
  • Os veludos muito usados nesse período podem ser substituídos por plush, o efeito visual fica melhor que o veludo molhado;
  • Lãs e linhos eram muito usados;
  • A maioria dos filmes medievais retratam este período, consulte nossa lista!
  • Armaduras em couro e metal, e as cotas de malha faziam parte da indumentária dos cavaleiros;
  • Cores vivas e ornamentos em metal, como cintos e fivelas ajudam a elaborar a caracterização, podem ser facilmente encontrados em casas de armarinho.
  • Use botões grande de metal para fazer as vezes de broche;
  • Costure galão nas mangas e barras de túnicas e vestido.

Se reproduzir integral ou parcialmente o texto cite a fonte. 
Texto: Jaqueline Oliveira | Medieval Sul

Referências: 
- LANVER, James. A roupa e a Moda, Uma Historia Concisa. Ed. Cia das Letras.
- KOHLER, Carl. História do Vestuário. Ed. Martins Fontes.
- HAUSER, Arnold. Hitória Social da Arte e da Literatura. Ed. Martins Fontes.
- LE GOFF, Jacques. Uma Longa Idade Média. Ed. Civilização Brasileira.
* Adaptado de http://picnicvitorianopoa.blogspot.com.br/2012/03/moda-medieval-parte-i.html

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Vikings

Vikings, é a nova série do History Channel, que estreia nos EUA dia 03 de março. Segundo o anunciado a historia será abordada a partir da visão do povo nórdico, onde o personagem central é Ragnar Lothbrok, um agricultor e guerreiro que decide ir em busca de novas terras.
Embora as últimas produções do History tenham deixado muito a desejar, esperamos que essa não decepcione!
Divulgação History Channel
O vídeo de abertura da série: